Políticas e práticas de inclusão da pessoa
com deficiência física no mercado de trabalho em Salvador, Bahia. Considera que
a deficiência é, acima de tudo, um produto social, e que as estratégias de
inclusão no trabalho adotadas no Brasil são insuficientes, não levando em conta
aspectos relevantes do complexo mundo do trabalho e dos sujeitos envolvidos.
Foram realizadas, em 2003, entrevistas semi estruturadas com 22 deficientes
físicos, 6 chefes e colegas desses trabalhadores com deficiência, assim como 7
técnicos e dirigentes de instituições relacionadas à deficiência, totalizando
35 entrevistas. Foram feitas revisão de documentos e estatísticas e visitas a
instituições. O autor constatou que o sistema de cotas de emprego tem se
destacado principalmente pela discussão que traz sobre o tema do direito ao
trabalho das pessoas com deficiência. Identificou que as estratégias e práticas
de inclusão estão marcadas por situações que denomina de "ironias da
desigualdade", como, por exemplo, a ameaça de chefes a empregados,
obrigando-os a tratar os "deficientes" como "normais", a
visão da deficiência como virtude, por facilitar o acesso ao emprego, e a
utilização do deficiente como exemplo de "bom trabalhador" e fator de
disciplinamento, em razão da sua superação de limites.
A concepção da sociedade enquanto um
mercado de trabalho é um dos elementos centrais da crescente exclusão social ,
que atinge expressivos segmentos da sociedade, geralmente com pouca
representação política e raras oportunidades de acesso ao trabalho. Tal
exclusão se expressa, ainda, em barreiras culturais, educacionais, étnicas,
econômicas e arquitetônicas, criando restrições por: classe, gênero, raça,
religião, ideologia e capacidade física ou mental.
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